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A Laranja
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Laranja - De Portugal à Limeira

A laranja foi introduzida no Brasil por portugueses, no século XVI, logo após o descobrimento. Foi cultivada em pomares ao lado das casas grandes nos engenhos de cana-de-açúcar. Em Sâo Paulo, foi cultivada, desde 1502, em Cananéia e, posteriormente, em São Vicente, Santo Amaro, Guarulhos e Santos.


Nóbrega e Anchieta, citaram a existência desses frutos nos arredores da Vila de São Paulo de Piratininga, em 1554, em suas cartas à Companhia de Jesus: " Nesta terra, se dão bem arvoredos de espinhos, que vieram de Portugal, como laranjeiras, cidreiras, limoei-ros, limeiras e todo ano têm frutos bons sem ser regados, porque o céu tem esse cuidado e é a terra fértil destas árvores que se dão pelos montes e campos ... e deles se fazem conservas, como a laranjada, cidrada, ..."


Nas missões, onde os jesuítas catequizavam os indígenas, por volta de 1700, era reservada uma área para cultivo de um pomar de laranjeiras, pessegueiros, limoeiros, figueiras, romeiras, abacaxis e marmeleiros. Estas missões foram destruídas por bandeiras de apresamento de índios.


De 1700 a 1800, devido à mineração, a região Centro-sul do país passou a ter maior importância. A cidade do Rio de Janeiro passou a ser a capital do país e já possuía um bairro chamado Laranjeiras.

Com a vinda da família Real, em 1.808, o Brasil alcançou maior desenvolvimento.
Em 1.814 D.João VI criou um curso de Agronomia na Bahia, e muitos europeus passaram a ter interesse sobre as condições de vida no Brasil, como: padre Manuel Aires de Casal, o botânico Auguste de Saint Hilaire, os alemães Von Spix e Friedrich Philipp, o pintor Jean Batiste Debret, o cientista Charles Darwin, e outros.

Nas obras destes viajantes se destacou o cultivo de laranjeiras, cidreiras e limoeiros em todo o país, especialmente na Bahia, devido a produção de laranjas "seleta" e de "umbigo", que eram despachadas em grande quantidade para a Corte no Rio de Janeiro..
Entre 1.800 e 1.820, portanto, a laranja passou a ter valor comercial, havendo comércio inter-regional do produto e o surgimento de intermediários que acionavam sitiantes, chacreiros e fazendeiros para a venda e transporte do produto através dos tropeiros.

Neste período surgiu na Bahia, no bairro de cabula, numa adaptação ao clima e solo brasileiro, a laranja "Bahiana"ou "Bahia Cabula", que era grande, com umbigo, sem sementes, cor viva e ótimo sabor. A ausência de sementes tornou obrigatória a "enxer-tia"para a reprodução de mudas.
Foi a partir da laranja Bahiana, de sua propagação através de mudas disputadas no interior do país, que a citricultura se tornou parte da agricultura brasileira.
No município de Limeira o cultivo de laranjas começou a ser desenvolvido no início do século XIX, quando a família Franco e um português de nome Neves plantaram algumas mudas de laranja bahia trazidas por tropeiros.
Em 1870, o Coronel Flamínio Ferreira de Camargo cultivou um pomar em sua chácara, sem fins lucrativos. Em 1880, já eram conhecidas as laranjas produzidas por Joaquim da Rocha Camargo e vendidas em cestas na estação ferroviária de Limeira.
Em São Paulo, em 1905, o prefeito Antonio Prado incentivou os fazendeiros a desenvolver a fruticultura pois acreditava ser esta uma boa alternativa para a produção nas terras arenosas inadequadas para o café. Já em 1909, o Governo Federal instituiu prêmios a quem exportasse frutas. Alguns fazendeiros paulistas, preocupados com a crise do café, começaram a desenvolver a citricultura.

 

Limeira - Capital da Laranja

Por volta de 1898, segundo algumas fontes, o Major José Levy Sobrinho, dono da antiga propriedade de Neves recebeu duas mudas de laranja "Bahia Cabula" e com as "borbulhas" destas plantas estendeu o cultivo para 17.000 pés, em sua Chácara Bahiana, para abastecer as fazendas de café e o centro urbano. Seus descendentes afirmaram, porém, que o primeiro pomar de laranjas foi plantado pelo Major Levy em 1918, no lugar de um cafezal queimado pela geada.

Em 1911, Dr. Mário de Souza Queiroz comprou a Chácara Santa Cruz, que pertencia ao Senador Vergueiro. Como as suas terras arenosas não eram boas para o café, Queiroz resolveu cultivar cítricos. Trouxe da Alemanha o mestre de enxertia Edmundo Hess e com o auxílio deste as técnicas de multiplicação rápida de mudas cítricas foram desenvolvidas e expandidas por toda a região.

A Fazenda Citra, de propriedade de João Dierberg, por volta de 1925, tornou-se grande produtora de mudas cítricas.
Com a crise do café , em 1929, muitos cafezais da região de Limeira foram erradicados e substituídos por laranjais, fazendo com que houvesse maior capital e maior número de trabalhos disponíveis em nossa região do que em outros municípios.

As exportações para a Europa, iniciadas em 1926, por João Carlos Batista Levy e João Dierberg Júnior, obtiveram resultados negativos devido as embalagens e ao transporte inadequado em caixas de cebolas. No entanto, no ano seguinte , com padrões americanos de embalagens, as exportações passaram a ter êxito, sendo construído um grande "packing house" próximo à estrada de ferro , com equipamentos americanos para lavar, enxugar, polir e classificar laranjas, dando grande impulso a esta atividade.

Durante as décadas de 20, 30 e 40 toda a economia de Limeira esteve voltada para a cultivo, comércio e indústria de embalagens de cítricos. De 1932 a 1936, Limeira foi a maior exportadora de laranjas do Estado se São Paulo.
Com início da II Guerra Mundial as exportações foram reduzidas. Ao mesmo tempo uma doença chamada "Tristeza" invadiu os laranjais. Muitos laranjais foram derrubados e substituídos por outros novos, barracões fecharam e cerca de 3.000.000 de caixas de laranjas se perderam nos pomares.Com auxilio da Estação Experimental, fundada em 1929, esta doença foi controlada. A expansão dos mercados internos através de propagandas, a industrialização do óleo de laranja e de sucos concentrados; e a introdução de outras variedades de cítrus comerciais, como a laranja "pera", facilitou a expansão e recuperação da citricultura no município.
Esta expansão permitiu o surgimento de estabelecimentos envolvidos com o comércio, industrialização de laranjas e derivados, como: Fábrica Independente, Produtos Cítricos do Brasil, Bebidas Caldas Ltda, Citrobrasil, Frular, Citro-Suco, Cutrale, e a expansão de novos barracões embaladores.

Muitas festas e exposições foram realizadas para divulgar o consumo do produto, como: Festas da Laranja, Feiras Agro-Científicas e Industriais(FACIL), a instituição do Dia do Citricultor e posteriormente a Semana da Citricultura, em junho.

A partir de 1950 a construção e asfaltamento de rodovias permitiu a utilização de caminhões para transporte, aumentando seu consumo interno.
Até a década de 60, Limeira se tornou conhecida como "A Capital da Laranja", destacando-se ainda hoje como a maior produtora de mudas cítricas do mundo, com cerca de 200 viveiristas, com uma média de 4.000.000 de mudas por ano.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


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